
A dor no peito é um sintoma comum, porém um dos sintomas mais desafiadores da pratica cardiológica, tanto no departamento de emergência quanto no consultório médico.
Para se ter uma ideia, esse sintoma é responsável por 5 a 10% dos atendimentos em Pronto Socorro e destes 50 a 70% permanecem em observação no setor de emergência.
Existem dezenas de causas que podem gerar esse sintoma, desde condições benignas até emergências médicas graves e potencialmente fatais.
Deste modo é necessária uma avaliação médica completa para avaliação desta queixa.

Caso apresente dor torácica procure um Cardiologista. O Dr Gabriel Quintana Teles possui ampla experiência na avaliação de dor no peito e pode te ajudar.
Conceito de dor no peito
A dor no peito é uma sensação desconfortável na parte anterior do tórax. Muitas vezes os pacientes não manifestam o sintoma como dor, mas sim como sensação de aperto, pressão, peso, queimação, ardência, desconforto, fisgada, pontada. Ela pode acometer desde a mandíbula até a região superior do abdome, abrangendo as costas, ombros, braços e pescoço.
Tipos de dor no peito
Conforme já mencionado, a dor torácica pode ter inúmeras causas. Durante a consulta cardiológica serão obtidas informações sobre as características da dor e a presença de outros sintomas associados. Isto nos permitirá direcionar para a origem da dor:
- Dor cardíaca: apresenta como principal representante a angina. É uma dor causada pela redução temporária do fluxo de sangue para o coração. Pode ser desencadeada por atividade física ou estresse emocional e geralmente é descrita como uma pressão ou aperto no peito.
- Dor aórtica: secundária ao quadro de dissecção de aorta, que significa uma ruptura entre as camadas da aorta que é a principal artéria do nosso corpo. Geralmente é descrita como uma dor intensa, de início súbito, com sensação de “rasgão” pelo tórax.
- Dor pulmonar: a dor geralmente piora com a respiração profunda e pode ser acompanhada por falta de ar ou tosse.
- Dor gastrointestinal: pode ser descrita como queimação ou desconforto no centro do peito. Muitas vezes confunde com a dor de origem cardíaca.
- Dor musculoesquelética: pode piorar com movimentos específicos e ser acompanhada de sensibilidade localizada.
- Dor psicogênica: é muitas vezes descrita como uma sensação de aperto no peito e pode ser acompanhada por sintomas como palpitações ou sudorese.
Quais são as doenças que podem causar no peito?
É de grande importância que o paciente conte todos os detalhes sobre as características de sua dor durante a consulta com o Cardiologista. Detalhes como o local que acomete, tipo de dor, duração, irradiação, fatores que a desencadeiam, pioram ou a aliviam e sintomas associados são grande de grande valia para o diagnóstico.
Essas informações fornecidas e as eventuais alterações percebidas durante o exame físico permitem que o médico chegue mais próximo da causa da dor torácica.
De acordo com a origem, as causas podem ser:
- Cardíacas: angina ou infarto, pericardite, miocardite, doenças valvares, cardiomiopatias.
- Aorta e grandes vasos: síndromes aórticas agudas (dissecção de aorta).
- Pulmão, pleura, mediastino e artérias pulmonares: pneumonia, asma, pneumotórax, pleurite, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, tumores.
- Esôfago, estômago e abdome superior: refluxo gastroesofágico, esofagite, espasmo esofagiano, ruptura de esôfago, úlcera péptica, gastrite, colelitíase (pedra na vesícula), colecistite (inflamação da vesícula), pancreatite.
- Músculos, nervos e caixa torácica: fibromialgia, estiramento muscular, inflamação os arcos costais (costocondrite), lesões em costelas (fratura, trauma, tumor), herpes zoster, doenças da coluna (hérnia de disco, profusões discais).
- Outras: Psicogênica (transtorno de ansiedade, síndrome do pânico), mastite, síndrome pós COVID, idiopática (sem causa aparente).
Como podemos ver uma grande variedade de condições médicas causam dor no peito, algumas das quais podem ser potencialmente graves.
Um diagnóstico preciso é fundamental para direcionar o tratamento apropriado e reduzir o risco de complicações.
Os pacientes que apresentam dor torácica devem procurar atendimento médico o quanto antes para avaliação e cuidados adequados.
Quando falamos em dor torácica não há como não mencionar a angina e o infarto tendo em vista sua importância clinica, seja pela grande quantidade de pacientes afetados e/ou sua gravide.
Nos próximos tópicos irei discutir estas patologias.
O que é angina?
Angina é o nome dado para a dor no peito causada pela diminuição do suprimento de oxigênio e de sangue ao músculo do coração, o que chamamos de isquemia.
Ela não é uma doença em si, mas um conjunto de sintomas (síndrome) que estão relacionados a doenças que provocam obstrução nas artérias coronárias, as quais são responsáveis por levar sangue ao coração.
A principal causa de obstrução é a aterosclerose, que é o acúmulo de placas de gordura nos vasos.
Qual a diferença de angina e infarto?
Diferente da angina, na qual o fluxo de sangue é reduzido, no infarto ele é interrompido, bloqueando a chegada de sangue com oxigênio e nutrientes para o músculo cardíaco.
Isso leva a morte de células cardíacas que pode deixar sequelas irreversíveis de maior ou menor gravidade.
Já a angina é uma condição clínica que pode ser reversível na maioria dos casos, o que permite que o musculo cardíaco recupere totalmente a sua função com o tratamento.
Entretanto é preciso considerar a angina como um sinal de alerta para o infarto agudo do miocárdio (IAM), pois muitas vezes ela precede ou mesmo evolui para o infarto.
Como é a dor da angina?
O sintoma principal da angina é a dor no peito.
Na maioria das pessoas essa dor é descrita como um incômodo no peito, habitualmente descrito como pressão, peso, queimação ou ardor.
O desconforto no peito é sentido principalmente no meio do peito, mas pode também ser nas costas, pescoço, queixo, ombros, epigástrio ou braços.
Em geral surge e/ou piora pelo esforço físico, estresse emocional, temperaturas frias ou depois de uma refeição exagerada.
Sua duração é variada, geralmente de minutos (até 20 minutos) e pode ser acompanhada por suor, náuseas, palidez e/ou falta de ar em alguns casos.
Pode ser aliviada pelo repouso ou uso de medicação específica.
Costuma sinalizar a presença de doença arterial coronariana (DAC).
Atenção especial deve ser dada a pacientes com diabetes, mulheres e idosos, pois a apresentação pode ser atípica, com sintomas como dor abdominal, sensação de indigestão, falta de ar o que pode levar a erro ou atraso diagnóstico.
Quais as causas da angina?
A angina irá ocorrer, conforme já mencionado, pela redução do suprimento de oxigênio ao músculo cardíaco. Isso ocorre quando ha uma dificuldade na passagem de sangue pelo coração devido ao estreitamento dos seus vasos.
Sua principal causa é a aterosclerose, processo no qual ocorre ao longo do tempo acúmulo de gordura nas paredes das artérias levando, quando esse processo ocorre no coração, a chamada doença arterial coronariana (DAC).
Além da aterosclerose / DAC existem outras causas de redução anormal de fluxo de sangue para o coração. Cito aqui algumas destas causas:
- Hipertensão não controlada
- Doença cardíaca valvar (valvopatia)
- Cardiomiopatia hipertrófica
- Espasmo coronariano (pode ocorrer espontaneamente ou como resultado do uso de certas drogas, como a cocaína e nicotina)
- Disfunção endotelial (significa que um vaso sanguíneo coronariano não se dilata em repostas a necessidade de maior fluxo de sangue – como durante o exercício – resultando em fluxo de sangue menor do que o coração precisa)
- Defeitos congênitos (por exemplo, anormalidades de artéria coronária)
- Dissecção de artéria coronária (ruptura entre as camadas que revestem uma artéria coronária)
- Inflamação das artérias (arterite)
- Lesão física (devido a uma lesão ou radioterapia)
Como podemos perceber tempos várias causas para a angina. Uma avaliação detalhada torna-se necessária para descobrir sua causa e iniciar o tratamento específico.
Quais são os fatores para a aterosclerose / doença arterial coronariana (DAC)?
Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver aterosclerose / DAC é em consequência angina e/ou infarto:
- Idade: O risco de doença arterial coronariana aumenta com a idade
- Sexo masculino: a doença arterial coronariana é mais comum em homens
- Histórico familiar de doença arterial coronariana precoce (ou seja, um parente próximo que desenvolveu a doença antes dos 55 anos, no caso de um parente do sexo masculino, ou antes dos 65 anos no caso de um parente do sexto feminino)
- Sedentarismo
- Obesidade
- Pressão alta
- Colesterol alto
- Diabetes Mellitus
- Tabagismo
O combate aos fatores de risco chamados de modificáveis (sedentarismo, obesidade, hipertensão, dislipidemia, diabetes e tabagismo) pode prevenir o aparecimento da aterosclerose coronariana bem como diminuir ou reverter a progressão desta.
Tipos de Angina
A principal classificação da síndrome divide os casos em dois grandes grupos:
Angina estável: geralmente ocorre durante esforço físico ou estresse emocional, situações estas que exigem maior esforço cardíaco. Tem duração de poucos minutos, alivia com repouso ou uso de medicamento e nem sempre requer intervenção intervencionista.
Angina instável: refere-se à angina na qual o padrão de sintomas se altera – dor mais intensa, dor mais duradoura (mais de 20 minutos), ataques mais frequentes ou episódios de dor que ocorrem a esforços menores ou mesmo durante o repouso – é grave. Tal alteração geralmente reflete um estreitamento súbito de uma artéria coronária por uma placa de gordura que tenha se rompido ou por um coagulo de sangue que tenha se formado. Este tipo de angina é um sinal que um infarto poderá ocorrer e por isto exige rápido manejo.
Qual exame detecta angina?
A principal ferramenta para diagnóstico da causa de dor no peito incluindo a dor anginosa é a entrevista médica e o exame físico do paciente.
Após a avaliação inicial o próximo passo é determinar se serão necessários exames diagnósticos para estabelecer um diagnóstico.
Em alguns casos há claramente um risco mínimo de uma condição médica séria, embora em outros, a incerteza possa permanecer. Deste modo a realização de exames complementares deve ser guiada pela apresentação clinica do paciente, probabilidade clínica do paciente apresentar obstrução nas coronárias (probabilidade esta baseada nas características da dor, sexo, idade e fatores de risco cardiovasculares) e disponibilidade dos recursos diagnósticos. Em outras palavras, nem sempre é necessário realizar diversos exames para elucidação diagnóstica.
Além do eletrocardiograma outros exames podem ser solicitados para melhor avaliação cardiovascular, entre eles: exames laboratoriais, RX de tórax, ecocardiograma, cintilografia miocárdica, ressonância cardíaca, angiotomografia de coronárias e cineangiocoronariografia (cateterismo cardíaco).
A integração dos achados clínicos com os resultados dos exames é fundamental para a tomada de decisão clínica eficaz.
Como tratar a angina?
O tratamento da angina visa quatro objetivos:
- Aliviar os sintomas
- Reduzir o risco de progressão da doença
- Reduzir a ocorrência de complicações futuras
- Aumentar o tempo de vida da pessoa doente
Para atingir estes objetivos lançamos mão de três tipos de tratamentos. Eles tentam:
- Reduzir a carga de trabalho do coração
- Melhorar o fluxo sanguíneo das artérias coronarianas
- Diminuir ou reverter o acúmulo de aterosclerose
A carga de trabalho do coração pode ser reduzida com o controle da pressão alta com o uso de certos medicamentos como betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio, por exemplo, os quais evitam que o coração bombeie com força excessiva.
O fluxo de sangue através das coronárias pode ser aumentado com medicamentos que promovem o relaxamento das coronárias (como nitratos e bloqueadores do canal de cálcio, por exemplo) ou alargando fisicamente as artérias estreitadas (usando o implante de stents, popularmente chamado de “molinha”) ou, ainda, pelo desvio dos bloqueios (usando a cirurgia de revascularização do miocárdio, também chamada de pontes de safena).
Modificar a dieta, praticar atividade física, combater as doenças que são fatores de risco e tomar certos medicamentos ajudam a reverter ou desacelerar a aterosclerose. Essas medidas são equivalentes às utilizadas para a prevenção da aterosclerose.
Infarto – o que eu preciso Saber?
O Infarto agudo do miocárdio (IAM) ou simplesmente infarto é um evento que ocorre devido ao bloqueio repentino de uma artéria coronariana levando a interrupção do fluxo de sangue para o coração, o que resulta na morte de parte do músculo cardíaco.
O infarto, juntamente com a angina instável (popularmente chamada de princípio de infarto), faz parte do que chamamos de síndrome coronariana aguda.
De maneira diferente do infarto, na angina instável não chega a ocorrer morte do tecido cardíaco.
São emergências médicas que dependem dum pronto diagnóstico e tratamento para prevenir sequelas e morte.
O infarto está entre as maiores causas de morte no Brasil e no mundo, sendo a segunda doença cardiovascular que mais mata.
Como ocorre o infarto?
O músculo cardíaco funciona como uma bomba natural que envia sangue rico em oxigênio para nossas células o que é fundamental para nutrição celular e realização das tarefas vitais.
A cada batida cardíaca o sangue percorre as artérias começando pela maior e mais espessa delas que é a aorta.
Outras artérias mais finas nascem da aorta, sendo responsáveis por fazer o sangue chegar a cada parte do corpo. Duas dessas ramificações da aorta dão origem às artérias coronárias direita e esquerda, as quais são ligadas a pequenos vasos que irrigam todo o coração.
O infarto ocorre quando um desses vasos sanguíneos fica obstruindo, prejudicando a chegada de sangue oxigenado ao músculo cardíaco.
Se o fornecimento de sangue for muito reduzido ou interrompido por mais do que alguns minutos, o tecido cardíaco morre.
Diferentes fatores podem contribuir para a obstrução dessas artérias.
O mais comum é a aterosclerose, doença que é ocasionada pelo acúmulo de placas de gordura, cálcio e outas substâncias (ateroma) na parte interna dos vasos. Esse processo ocorre gradualmente sem que a pessoa afetada perceba qualquer sintoma, até que gere uma complicação em uma artéria.
Se o fluxo sanguíneo for reduzido ocorre angina conforme explicado nos tópicos anteriores. Observar esses episódios de dor torácica é importante pois sinalizam o risco de bloqueio total da artéria que pode resultar em infarto.
Um ateroma pode se romper ou estourar. Isto libera substâncias que estimulam a coagulação do líquido, gerando pequenas massas que podem entupir as artérias.
As causas de infarto são as mesmas da angina?
Sim!
Conforme mencionei acima a principal causa de infarto é a aterosclerose.
Uma série de fatores contribui para o surgimento e avanço da aterosclerose e por fim para a oclusão:
- Avançar da idade – o infarto é mais comum após os 40 anos
- História familiar de doença arterial coronariana
- Obesidade
- Sedentarismo
- Colesterol alto
- Hipertensão
- Diabetes mellitus
- Tabagismo
Quais são os primeiros sintomas de um infarto?
Até 60% por óbitos por infarto acontecem nos primeiros 60 minutos após o início da doença.
Portanto, perceber o infarto em estágio inicial é importante para que a vítima seja socorrida rapidamente, o que aumenta as chances de sucesso no tratamento.
A queixa mais comum é a dor no peito. Classicamente é uma dor aguda e prolongada (costuma durar mais que 20 minutos) sentida como um aperto ou peso no meio do peito ou mais para o lado esquerdo e que pode irradiar para o pescoço, mandíbula, costas e/ou braços, não alivia com o repouso.
Cerca de um terço das pessoas que apresentam um infarto não tem dor no peito.
Daí a importância de ficar alerta para sintomas menos evidentes como:
- Cansaço aos mínimos esforços
- Falta de ar
- Palidez
- Sudorese ou suor frio
- Enjoo
- Tontura
- Sensação de desmaio ou desmaio real
- Sensação de batimentos cardíacos fortes (palpitações)
- Dor abdominal
- Sensação de indigestão
Esses sintomas atípicos são mais comuns em certos grupos de pacientes como diabéticos, mulheres e idosos.
Desse modo devemos ligar o alerta para sinais menos evidentes e na suspeita de um infarto procurar atendimento. Ainda, é preciso redobrar a atenção para qualquer sintoma, mesmo que leve, em pacientes com fatores de risco cardiovasculares.
Qual exame diagnóstica o infarto?
Após a suspeição clinica de um infarto o paciente será submetido a realização de exames complementares. O diagnóstico é feito pelo eletrocardiograma (que pode estar alterado ou não) e a realização dos biomarcadores cardíacos (substâncias liberadas no sangue quando ocorre dano cardíaco).
Com base nestes exames será definido se o paciente apresenta angina instável ou infarto, bem como seu subtipo.
A confirmação da presença de obstrução das coronárias é feita por meio do exame conhecido como cateterismo cardíaco.
Como o infarto é tratado?
O tratamento é realizado a nível hospitalar e tem por objetivo desobstruir a artéria bloqueada para salvar o máximo de músculo cardíaco que for possível.
Para isso são utilizados medicamentos que vão limitar o aumento ou dissolver o coagulo, além de medidas invasivas, como o implante de um stent (“molinha”) nas coronárias para abrir o fluxo sanguíneo ou a cirurgia de revascularização miocárdica (“ponde de safena”).
Ainda, faz parte o tratamento do(s) problema(s) que causaram o infarto, isto é, o tratamento agressivo dos fatores de risco cardiovasculares como o colesterol alto e a pressão alta.
Como podemos ver nesse artigo, as causas de dor torácica são muitas e precisam ser investigadas por um profissional qualificado. Doenças potencialmente graves como o infarto podem ser a causa da dor. Se você apresentar dor no perito deve procurar um cardiologista o mais rápido possível. Priorize sua saúde e agende a sua consulta cardiológica.
Este artigo é meramente informativo e não substitui a consulta a um profissional de saúde. Sempre procure orientação médica para questões relacionadas à sua saúde.