Dr. Gabriel Teles

alimentos que causa dislipidemia

A dislipidemia é definida como um distúrbio que altera os níveis de lipídeos (gorduras) no sangue.

Os tipos de gordura importantes no sangue são:

  • Colesterol
  • Triglicerídeos

colesterol é um componente essencial das membranas celulares, das células cerebrais e nervosas e da bile, a qual ajuda o organismo a absorver gorduras e vitaminas lipossolúveis. Ainda, o organismo utiliza o colesterol para sintetizar a vitamina D e vários hormônios, tais como o estrogênio, a testosterona e o cortisol. O organismo consegue produzir todo o colesterol de que necessita, mas também pode obtê-lo a partir dos alimentos. Cerca de 70% é sintetizado no fígado e o restante (30%) é proveniente da alimentação.

Já os triglicerídeos estão presentes nas células adiposas e podem ser decompostos para serem utilizados no fornecimento de energia para os processos metabólicos do organismo, inclusive o crescimento. A maior parte dos triglicerídeos é resultado da alimentação (85%) e, por isso, podem ser reduzidos com uma dieta balanceada. O restante (15%) é produzido pelo próprio organismo.

Num primeiro momento parece ser benéfico o aumento dessas gorduras, tendo em vista suas funções no nosso organismo. Entretanto não é isso que acontece na prática. Pelo contrário, os níveis elevados dessas substâncias são muito maléficos, pois aumentam o risco de doenças cardiovasculares levando a problemas graves de saúde. Ainda, observa-se que níveis baixos das gorduras não trazem nenhum prejuízo a nossa saúde.

As doenças cardiovasculares seguem sendo a principal causa de morte no Brasil e no mundo. A ciência confirma que o tratamento da dislipidemia, principalmente do colesterol, especialmente o seu subtipo chamado de LDL (o “colesterol ruim”) é crucial para prevenir infartos, acidente vascular cerebral (AVC) e outros problemas graves.

Nos próximos tópicos discutiremos o aumento do colesterol e dos triglicerídeos, suas causas, consequências e seu tratamento.

dr gabriel teles

O reconhecimento e adequando manejo da dislipidemia é fundamental para aumentar a longevidade da população.  O Dr Gabriel Quintana Teles é cardiologista e pode te ajudar na avaliação e tratamento da dislipidemia.

 

Colesterol alto – quais são os seus subtipos?

O colesterol alto é um inimigo silencioso da saúde que, quando se manifesta, causa grandes complicações.

Ele em si não é um problema como vimos acima devidos as suas funções, porém o seu excesso é maléfico.

Temos 2 subtipos, o LDL e o HDL.

Seu subtipo chamado de LDL, popularmente chamado de “colesterol ruim” esta associado a entupimento das artérias podendo levar a infarto e derrame.

Já o outro tipo, o HDL, chamado de “colesterol bom”, faz o caminho inverso, protegendo de doenças cardiovasculares.

Quais as consequências do colesterol alto?

Conforme já destacado o colesterol alto é um fator de risco silencioso. Ele em si não causa nenhum sintoma quanto alto até que surjam as complicações.

O colesterol alto leve a aterosclerose.

Nessa doença ocorre o acúmulo de gordura nas paredes das artérias.  Essas placas de gordura podem limitar ou bloquear uma artéria, diminuindo ou interrompendo o fluxo de sangue. Outras placas não obstruem a artéria gravemente, porém podem se romper, provocando a formação de um coágulo de sangue que bloqueia a artéria repentinamente.

A aterosclerose então pode acometer as artérias coronárias (aterosclerose coronariana) e causar angina ou infarto, condições nas quais a principal manifestação é a dor no peito.

O derrame (acidente vascular cerebral – AVC) é outra possível consequência podendo deixar importantes sequelas (dificuldade para deambular e falar entre outras) e até mesmo levar ao óbito.

Também pode ocorrer doença arterial periférica. Nesta condição ocorre diminuição do fluxo de sangue nas pernas que pode levar a dor ao caminhar. Em casos graves pode ocorrer dor em repouso e o surgimento de feridas e úlceras de difícil cicatrização e até mesmo gangrena levando a necessidade de amputação do membro.

Além da aterosclerose, o colesterol alto pode ocasionar lesões de pele como os xantomas e xantelasmas.

Os xantomas são depósitos de gordura que ocorrem principalmente em tensões dos calcanhares, joelhos, cotovelos e dedos.

Já os xantelasmas são depósitos de colesterol nas pálpebras, formando placas amareladas.

A presenta de xantomas e/ou xantelasmas deve levar a avaliação médica e investigação de dislipidemias.

Quais as causas do colesterol alto?

Os fatores que causam dislipidemia podem ser categorizados em:

  • Causas primárias: genéticas (hereditária)
  • Causas secundárias: estilo de vida e outros

Tanto a causa primária como a secundária contribuem para a ocorrência de colesterol alto em níveis variados. Por exemplo, uma pessoa com dislipidemia hereditária pode ter níveis de colesterol ainda mais altos se ela também tiver causas secundárias de dislipidemia.

A dislipidemia hereditária pode provocar aterosclerose de rápida evolução e morte precoce devido a aterosclerose coronariana.

As causas secundárias podem contribuir para muitos casos de dislipidemia.

Entre as causas destaco:

  • Estilo de vida sedentário
  • Má alimentação
  • Obesidade
  • Doença renal crônica
  • Hipotireoidismo
  • Doenças do fígado
  • Uso de certos medicamentos como anticoncepcionais, anabolizantes e corticoides.

Como diagnosticar o colesterol alto?

O diagnóstico é feito em exame de sangue, o chamado perfil lipídico.

No preparo para a coleta do exame recomenda-se manter a direta habitual. O jejum não é necessário para a dosagem do colesterol, mas importante para a dosagem do triglicerídeos já que o consumo de alimentos ou bebidas pode provocar um aumento temporário dos níveis de triglicerídeos. Assim, a maioria dos laboratórios pede um período de jejum de, no mínimo, 12 horas antes da amostra de sangue ser coletada.

Os níveis de colesterol total, colesterol LDL, colesterol HDL e triglicerídeos – perfil lipídico – são medidos em uma amostra de sangue. Visto que o consumo de alimentos ou bebidas pode provocar um aumento temporário dos níveis de triglicerídeos, a pessoa deve ficar em jejum por, no mínimo, 12 horas antes de a amostra de sangue ser coletada.

Qual valor de referência do colesterol?

Depende!

Os valores referenciais e de alvo terapêutico em pacientes em tratamento vão depender do risco cardiovascular.

Isso significa que cada paciente deve ter sua avaliação individualizada e o seu risco cardiovascular definido em consulta médica.

O risco cardiovascular depende de condições como:

  1. Presença de doença aterosclerótica significativa (coronária, vascular periférica, cerebrovascular), com ou sem eventos clínicos prévios ou entupimentos acima de 50% em qualquer vaso sanguíneo
  2. Presença ou não de diabetes mellitus
  3. Presença ou não de hipercolesterolemia familiar, habitualmente presente em pacientes com “colesterol ruim” igual ou superior a 190 mg/dL
  4. Presença de aterosclerose subclínica como placas de gordura em carótida
  5. Função dos rins
  6. Sexo
  7. Idade
  8. Níveis de pressão arterial e se esta ou não em uso de anti-hipertensivos
  9. Presença ou não de tabagismo
  10. Se faz uso ou não de estatina (um dos medicamentos que baixam o colesterol)
  11. Níveis de colesterol total e do “colesterol bom”

Como podemos ver são inúmeras as variáveis a serem avaliadas para definir ou não a presença de dislipidemia. Não basta apenas observar o valor de referência do laboratório.

Cito por exemplo casos em pacientes que tiveram infarto ou derrame, situações nas quais o risco cardiovascular é considerado como muito elevado e o valor de referencia do LDL (“colesterol ruim”) deve ser inferior a 50 mg/dL.

Com que idade deve começar a ser medido o colesterol?

Recomenda-se que sejam realizadas dosagens de colesterol apartir dos 20 anos como parte da avaliação cardiológica para determinar o risco cardiovascular.

Nos casos de crianças e adolescentes, a realização dos exames preventivos com perfil lipídico é recomendada para crianças entre dois e 8 anos de díade se lea tiver fatores de risco como uma pessoa na família com dislipidemia grave ou que tenha tido doença arterial coronariana ainda quando jovem.

Já em crianças sem fatores de risco, os exames preventivos com perfil lipídico costumam ser feitos antes de a criança alcançar a puberdade (geralmente entre os nove e os onze anos de idade).

Estou com colesterol alto – como tratar?

Uma vez definido a presença de dislipidemia o tratamento será indicado.

Na maioria dos casos, a dislipidemia é ocasionada por maus hábitos de vida: dieta rica em gorduras saturadas ou trans, sedentarismo e obesidade.

Assim, as mudanças de estilo de vida sempre serão recomendadas:

  • Perder peso
  • Reduzir a ingesta de gorduras
  • Realizar exercício físico

Orientações alimentares para prevenção e tratamento da dislipidemia

Contêm colesterol os alimentos de origem animal como carnes, ovos, leite e derivados. Isso não significa que devam ser banidos da alimentação e sim controlados. Alguns alimentos, entretanto, ajudam no controle do colesterol e devem ser consumidos com maior frequência. São as fibras encontradas em produtos integrais, leguminosas, frutas e hortaliças, azeite, abacate, peixes como sardinha e salmão, além da soja.

  • Carboidratos:

Prefira: arroz integral, massa integral com molho vermelho, pão integral, biscoito integral

Modere: arroz branco, massa branca com molho vermelho, pão branco, biscoito água e sal

Evite: risoto, massa branca com molho branco, pão recheado, biscoito recheado

  • Frutas e hortaliças:

Prefira: fruta fresca com casca, abacate, vegetal cru ou no vapor, sopa de legumes

Modere: suco de frutas, abacate com leite, vegetal refogado, sopa de macarrão

Evite: fruta com chantilly, abacate com leite condensado, vegetal com molho branco, sopa creme

  • Leite e derivados:

Prefira: Ricota, leite desnatado, iogurte natural desnatado

Modere: queijo branco, leite semidesnatado, iogurte light

Evite: queijo amarelo, leite integral, iogurte integral

  • Carnes e leguminosas:

Prefira: peixe assado e grelhado, frango sem pele, feijão cozido

Modere: carne vermelha magra, frango com pele, feijão com carnes

Evite: carne vermelha gorda, frango à milanesa, feijão com bacon

  • Gorduras:

Prefira: Óleo de canola e azeite de oliva, margarina light, grelhados

Modere: Óleo de soja e milho, margarina, assado e cozido

Evite: gorduras vegetais e banhas, manteiga e fritura

Medicamentos hipolimeantes

O tratamento com medicamentos hipolipemiantes depende não só dos níveis de colesterol, mas também do risco cardiovascular do paciente conforme discutido em tópicos anteriores.

Existem diferentes tipos de medicamentos hipolipemiantes:

  1. Estatinas
  2. Inibidores da absorção de colesterol
  3. Resinas ou sequestradores dos ácidos biliares
  4. Inibidores da PCSK9
  5. Ácido bempedoico

Cada um destes tipos reduz o colesterol por mecanismos diferentes.

Os medicamentos hipolipemiantes fazem mais do que apenas reduzir o nível de colesterol.  Eles podem prevenir o surgimento de aterosclerose e, desse modo, reduzir mortalidade cardiovascular.

Estou em tratamento do colesterol alto – é importante manter acompanhamento médico regular?

Sim!

É indicado manter o acompanhamento regular para averiguar se as metas foram alcançadas, monitorar possíveis efeitos adversos ao tratamento e manter o rastreio ativo do surgimento de aterosclerose.

Estudos mostraram que a redução dos níveis de LDL deve ser precoce (quanto mais cedo, melhor), intensa (quanto mais baixo, melhor) e duradoura (quanto mais prolongada, melhor).

Portanto o acompanhamento médico regular é fundamental no seguimento do tratamento.

Ainda, ressalto a importância de não suspender o seu tratamento sem orientação médica já que suspender o tratamento pode colocar sua vida em risco.

dr gabriel quintana teles

Busque por uma orientação qualificada e personalizada com profissionais capacitados e atualizados. O Dr Gabriel Quintana Teles apresenta ampla experiência na avaliação das dislipidemias, seu tratamento e acompanhamento.

Veja também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *